quarta-feira, 1 de abril de 2009

NL ENTREVISTA DANI KIST

Num final de tarde da véspera do início da primavera, encontramos a aniversariante do próximo dia 14 de abril, DANIELI KIST, na casa, em Neuss, uma cidade próxima a Düsseldorf, onde mora desde que se mudou do Brasil, em 27 de abril do ano passado. A conversa que tivemos via MSN com a roquegonzalense é revelada nesta matéria. Dani recém havia chegado da casa de uma amiga brasileira e conta que naquela região há um grande número de outras brasileiras, porém apenas conhece uma que é gaúcha de São Leopoldo. As demais são do Rio e São Paulo.
A casa em que mora fica em uma “dorf”, um lugarejo no meio de plantações. Para sair de casa tem que atravessar seis quilômetros de plantações.
Sobre a decisão de ir para a Alemanha, diz que sempre teve esse sonho, mas não sabia como atingi-lo. Na Universidade onde cursava Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologiana na UERGS, em Novo Hamburgo, uma amiga recebeu o convite para participar do programa AU PAIR, em que os jovens vão para um determinado país para aprender o idioma e a cultura daquele país e, em troca, ajuda nos serviços daquela família que os acolherem.
A amiga a convidou para participar desse programa e, tão logo concluiu o curso, inscreveu-se no programa e foi chamada por uma família.
Na Alemanha, Dani mora na própria casa da família e trabalha como babá, recebendo em contrapartida um salário e não tem outras despesas com alimentação.

Dani, em Paris, tendo ao fundo a Catedral de Notre Dame.
Quanto a reação da família na decisão de ir para outro país, Dani diz que recebe com muita naturalidade. “Sempre fomos criados de forma a nos prepararmos para um dia sairmos de casa para estudar e a única coisa que a minha mãe falou foi que quanto mais longe de casa, melhor seria, do ponto de vista de que teria uma vida melhor e um melhor conhecimento. E nesse aspecto ela estava repleta de razão”.
Com relação á língua alemã, Dani diz ter tido algumas dificuldades no início, pois, apesar de em casa seus pais falarem com ela em alemão, sempre respondia em português e falava muito pouco em alemão.
Quando foi para a Alemanha achava que sabia muito, mas se enganou. Na hora do ‘vamos ver’ me dei conta da realidade, diz, brincando.

Dani e a Torre Eiffel, também em Paris.
A rotina de Dani inicia bem cedo. Já as seis e meia acorda os filhos do casal(um de 12 e outro de 13 anos), ajudando-os a se arrumarem e encaminhando-os para a escola. À tarde, quando eles voltam, ajuda-os com os temas.Três vezes por semana tem curso de alemão em Kaarst, que fica distante sete quilômetros de casa. O percurso é feito de bicicleta (já perdeu 9 quilos). No restante dos dias ajuda nas tarefas da casa.
Nos finais de semana encontra-se com as amigas em D’dorf (Düsseldorf) e caminham pela cidade. Sempre tem alguma coisa para fazer, revela.
Dentre as diferenças que encontrou no novo País, em relação ao Brasil, a principal foi em relação à cultura e o sistema de vida.
Dani diz que lá não se fala gritando e são muito respeitadores das leis e do meio ambiente. Passar o sinal vermelho do semáforo ou desrespeitar as faixas de segurança é impossível para eles.

O Chateau de Versailles.
Na região onde Dani vive a economia se concentra basicamente na produção industrial baseada em minérios. Os espaços para a produção agrícolas existem, mas não são muito consideráveis.

Dani e a inseparável bicicleta (a psicóloga) com a qual percorre desde a casa até o curso de alemão e quando vai visitas as amigas em Düsseldorf.

Domburg, nos Paises Baixos e um de seus símbolos, o moínho.
Com relação ao que acontece atualmente em Roque Gonzales com a construção da Usina, Dani diz sentir medo do preço que se terá que pagar para tal “progresso”. A perda de mata nativa e de todo o ecossistema que é muito rico pode causar danos irreversíveis ao clima e ao próprio Rio Ijuí. Com certeza o impacto para o ecossistema em geral vai ser grande, opina, esperando que o projeto de reflorestamento seja eficaz para diminuir tal impacto.

Kölner Dom, ou Catedral de Colónia, uma igreja em estilo gótico que é um dos símbolos da quarta maior cidade da Alemanha.
Dos lugares que conheceu, os que mais lhe chamou a atenção foram Paris, Amsterdam, Trier (a cidade mais antiga da Alemanha) e Luxemburgo, os quais, além de serem muito lindos, possuem uma cultura muito rica.
Por fim, Dani, na nebuloso Luxemburgo, mas com uma exuberante paisagem.
Retornando para o Brasil, Dani pretende fazer curso de mestrado em tratamento de efluentes. Voltar para Roque Gonzales está praticamente descartado em virtude de não haver oportunidades de trabalho na sua área de formação. Caso queira ficar na Alemanha terá que renovar o visto que encerra ainda neste mês.

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