Na semana passada estivemos entrevistando pela Rádio Missioneira, o engenheiro Geraldo Corrêa, da Eletrosul, empresa responsável pelas obras da Usina Passo São João e que envolve cinco municipios da região: Roque Gonzales (sede), Dezesseis de Novembro, São Luiz Gonzaga, São Pedro do Butiá e Rolador.
Corrêa confirmou o início da operacionalização da usina, problemas tidos no andamento da sua execução, nível do Rio Ijui, energia futura para a região, recuperação da mata ciliar e do asfalto na entrada de Roque Gonzales.
No dia 12 de agosto de 2011 foi inciada a formação do reservatório junto à Usina (foto acima).
Acompnhe os princípais tópicos da entrevista:
|
Engenheiro Geraldo Corrêa. |
Notas Leais – Em que fase estão as obras da Usina?
Geraldo Corrêa – Estamos praticamente prontos colocar a primeira unidade geradora da usina em funcionamento, já que a montagem eletromecânica está praticamente concluída, faltando agora a parte eletrônica de controle.
A unidade nº 1 deverá estar em funcionamento já neste final de semana.
N L - Alguns contratempos durante a execução da obra?
G C - Tivemos uma situação bastante atípica em que o contrato inicial foi com uma empresa que não pôde fornecer todos os equipamentos necessários e nem conseguiu cumprir o contrato. Dessa forma a Eletrosul teve que contratar outra empresa, causando problemas de atraso na entrega e também houve problemas de armazenamento de geradores que vieram da Rússia e que, por não ter um local adequado para armazenamento, acabaram sendo deteriorados. Nem todos os equipamentos foram entreguem no momento adequado, causando esse problema, ou seja, uns estavam à disposição da empresa e outros não, sendo necessária, para montar uns, a chegada de outros.
Portanto houve dificuldade em recuperar alguns deles.
N L - Os testes dos equipamentos foram feitos com normalidade ou teve algum complicador?
G C - Todos eles são feitos para observar se os equipamentos estão em condições de operacionalização. Todos os cuidados foram tomados para ver se os equipamentos estão em condições de operacionalização.
Nessa seara uma das dificuldades foi a falta de chuva o que impede a correta observação.
Apesar dessa escassez o nível de água no rio está apenas 30 cm abaixo do nível esperado.
O fluxo que é liberado pela usina são José, em Salvador das Missões, é outro dificultado, já que essa libera 42m³ por segundo de água, quando o ideal seria um fluxo maior de vazão de água.
Com essa vazão a operacionalização é de 25% da carga da usina.
N L - Isso significa que dependeremos da liberação de água na Usina Passo São José para a boa funcionalidade de São João?
G C - Sim, ficaremos dependentes disso, infelizmente, mas com o retorno normal das chuvas e o acondicionamento normal do nível de montante (do reservatório), não deveremos tem problemas.
Primeira unidade começa a ser operacionalizada neste final de semana.
N L - Qual o motivo de baixar o nível da água no rio nos últimos meses?
G C - Foi por causa da desmontagem da ensecadeira do canal de fuga o que somente poderia ser feita com pouca fluência de água no local, a fim de evitar eventuais acidentes com os trabalhadores.
Por uma solicitação da prefeitura municipal, a eletrosul prolongou o período em que se manteve o nível baixo para que ela pudesse realizar os trabalhos estruturais da praia artificial.
N L - A limpeza do leito do rio e a retirada dos materiais orgânicos ali depositados são de responsabilidade de quem?
G C - A Eletrosul se preocupa com a retirada daqueles materiais de maior porte, como troncos e galhos, que podem danificar as turbinas geradores, porém o cuidado com a limpeza e a retirada de materiais de menores proporções, como garrafas pets e outros lixos domésticos, deve ser de responsabilidade dos próprios moradores e usuários do Rio.
Outra opção é a prefeitura realizar essa limpeza.
N L - Como anda a recuperação da vegetação nas Área s de Preservação Permanente (APP), já que a primeira vez em que houve o plantio, como não havia a delimitação da APP, muitas plantas se perderam ou foram consumidas pelo gado?
G C - A recuperação é perceptível, pois se nota a recuperação da mata ciliar a cada dia.
Continuamos monitorando, cuidando e plantando espécies.
N L – Quantos profissionais estão trabalhando atualmente na fase final da obra?
G C - Hoje as obras se resumem mais na parte civil que requer mais mão-de-obra qualificada, como engenheiros, por exemplo.
Ao contrário das fases anteriores em que se necessitava de mão-de- obra menos qualificada, bruta, com exigência menor de qualificação.
Atualmente estão trabalhando no canteiro de obras cerca de quatrocentas pessoas, sendo que no início das obras estavam alocados mais de 1500 trabalhadores.
N L - Está garantida a recuperação asfástica nas Avenidas São João Del Castilho e Pirapó, até o canteiro das obras, por parte da Eletrosul?
G C - Sim, estamos em fase de contratação de uma empresa, através de licitação.
N L - Com a operação da usina, a região poderá tem uma melhor capacidade energética com menos falha de energia, como ocorre hoje com freqüência?
G C - Devemos lembrar, num primeiro momento, que a Eletrosul não fará distribuição de energia, mas sim transmissão em alta tensão. A distribuição é feita, nesta região, pela RGE e AES Sul.
Na verdade a Usina Passo São João vai energizar a malha de distribuição de energia, mas não há noção de onde a energia vai parar ou ser consumida, na verdade se coloca nessa malha e o circuito se organiza internamente.
Não há como saber ou visar um local propriamente dito e, portanto, não temos como dizer se a situação vai ou não melhorar. Acreditamos que sim.